Blogue Insónias

Conectados pela distância

Terapia a distancia funciona? Tem validade cientifica? É possível auxiliar uma pessoa em sofrimento em uma outra região remota?

Há alguns dias recebi um e-mail de uma portuguesa que vive em Tokyo com depressão solicitando tratamento e ajuda. Em Tokyo a paciente não tem acesso a psicólogos que falam português…o que podemos fazer para a auxiliar?

Psicoterapia “on lini “ para todos nós foi novidade, um aprendizado, uma realocação dos meios de terapia tradicionais para outro settting terapêutico, o redimensionar do espaço. Foram anos de discussão para chegar se a uma regulamentação a respeito aprovada pelo Conselho Federal de Psicologia do Brasil o CFP que estabeleceu regras e normas ligadas ao código de ética, regulamentando a atividade de aconselhamento a distancia.

Um aconselhamento psicológico tem por base técnica a terapia verbal. Um paciente é tratado em um diálogo que detém todo um arcabouço técnico- científico eficaz. A metodologia da terapia pela fala criada pelos precursores da psicanálise Jean-Martin Charcot e Josef Breuer os mentores de Freud, evidenciaram que pela fala, pelo diálogo, no qual um paciente expunha seus problemas, lembranças, fantasias, sua história e memória, pela elaboração dos conteúdos expostos muitos sintomas psíquicos e físicos de um paciente encontravam alivio e melhora, isto era fruto de pesquisas empíricas e cientificas de médicos já em meados da década de 1890. A partir destes experimentos Freud desenvolve em colaboração com mais de quarenta outros pesquisadores médicos a psicanálise visando o tratamento de doenças psíquicas como a histeria, neurose entre outras patologias. A psicanalise em mais de um século ampliou sua metodologia, os estudos avançando em várias fronteiras mas tendo por base técnica o dialogo o método verbal. A paciente portuguesa de Tokyo com depressão logo ao contatar me e a expor seus sintomas e história relatou pequena melhora, precisava desabafar , expor sua angustia, conflitos, sofrimento.

Com o advento da internet a partir da década de 1980 tem inicio novos paradigmas de comunicação e socialização. A vida migraria para a alta tecnologia em um espelhamento. A representação da vida, das pessoas, de objetos na vivencia virtual, do financeiro aos relacionamentos, a temática da visibilidade.

Impregnou nossa existência encurtando distancias, nos tornando mais próximos, ligados por várias circunstancias a regiões remotas. Ter contato com pessoas em outros extremos em regiões longínquas foi facilitado na ideia do estar “ on line”. Se no passado não muito distante usávamos as cartas, as ligações telefônicas para nos comunicar a vantagem da nova tecnologia foi tornar esta comunicação instantânea “on line”.

Lendo as cartas de C. G. Jung ao doutor Bill- o medico fundador dos Alcoólicos Anônimos pude perceber que Jung já fazia terapia a distancia já na década de 1940 aconselhando, orientando e tratando seu paciente a distancia por meio da correspondência por cartas. Freud da mesma forma manteve vasta correspondência com colaboradores e pacientes…seguindo o caminho dos hábitos vigentes de sua época. Hoje nos empregamos a tecnologia para nos comunicar e como em outras áreas do saber ampliamos o uso da tecnologia visando salvar vidas, melhorar a qualidade de vida das pessoas, ampliando seu auto conhecimento. Usar da tecnologia para acudir quem sofre de alguma doença mental ou que busca ter auto conhecimento…

A terapia a distancia tem algumas vantagens: facilita o aconselhamento para um paciente impossibilitado de se deslocar; viabiliza terapia para quem não encontra ajuda de profissionais qualificados em regiões remotas e diversas; ; ; diminui o tempo de deslocamento de um paciente. Os benefícios são praticamente os mesmos de um aconselhamento convencional. A tecnologia usada com prudência pode ajudar a milhares de pessoas que necessitam. A paciente de Tokyo melhorou após algumas sessões já retornando a suas atividades…não existe limites nem distancia para quem quer se encontrar ou para quem necessita de tratamento. Bem vinda tecnologia!

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